segunda-feira, 30 de abril de 2012

28 de Abril, a segunda visita.

A sensação tem sido de que a semana voa para que chegue mais um sábado e este não correspondeu às expectativas. Ele trouxe muito mais do que esperávamos, foi realmente iluminado. Desde a chegada ao hospital fomos muito bem recebidos por todos. Isso só comprova o ótimo resultado do sábado passado. Atravessando o corredor, as enfermeiras, e quem mais estava por ali, já sorriam antes mesmo de começarmos as palhaçadas. O bom palhaço é aquele que exala a simplicidade. Um olhar, um gesto e todos ao redor se sensibilizam e se permitem ser invadidos pela alegria. Sempre com muito respeito, arranjamos brincadeiras para todas as idades e a todo instante. Tudo isso é reflexo das dinâmicas, que estão se mostrando um ótimo meio de trabalhar a timidez dos palhaços, afinal, mesmo iniciando o teatro ensaiado, depois que terminam as dinâmicas, as brincadeiras simplesmente fluem de forma muito bem improvisada. Estamos aprendendo como caminhar, mas quanto à estrada, nós a estamos descobrindo a cada dia. Cada vez mais estamos nos inserindo no hospital e fazendo parte dele como célula viva. Os palhaços que foram nesse segundo dia puderam perceber isso nitidamente. Casamos muita gente, desligaram muitos telefones na nossa cara, pizzas foram pedidas em três vezes sem juros no cartão, baianas descobriram que eram traídas no instante do casamento, pintinhos piaram, gatos miaram, ou seja, realmente mais um sucesso. 
No fim do dia, ainda fomos presenteados com uma experiência ímpar. Quando estávamos de partida, uma enfermeira correu em nossa direção e nos pediu para entrar rapidamente em uma sala, pois alguém precisava muito da gente. Fomos no mesmo instante. Lá chegando, deparamo-nos com uma menina que chorava muito. Ela havia acabado de tomar uma injeção. Entramos no quarto e a vimos de costas, nos braços do pai. O pai, quando nos viu, virou a menina e disse:
-Olha quem veio te visitar!
A menina virou-se e nos viu. Esse momento foi realmente mágico, pois se cessou o choro no mesmo instante. Ela ficou atenta a todos, a cada detalhe das roupas coloridas, e sorriu. Fizemos piadas, cantamos e rimos muito. No fim, quando o pai disse que iriam embora, o choro já não era mais por conta da injeção, mas pelo fim das palhaçadas. Saímos dali como que encantados e ao mesmo tempo esperançosos por mais dias como aquele, dias nos quais possamos curar, ou ao menos fazer esquecer a dor com atenção, sorrisos e muito afeto.
A todos os palhaços, muito obrigado.










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