No primeiro
dia era apenas choro, um olhar triste, dor, o quarto parecia mais escuro.
Pensei que teria uma missão quase impossível, sabia que não estava sendo fácil
pra ela, afinal, o lugar de criança é brincando no quintal, se sujar de terra,
fazer arte, que deixa a mamãe de cabelo em pé, mas é esquecida rapidamente ao
receber aquele sorrisão que só as crianças sabem dar- SORRISO PURO- não num
quarto de hospital. Como seria triste essa nossa realidade se não tivéssemos a
esperança de poder fazer algo para melhorar... Mas no meio de tanta dor,
insegurança perante desconhecidos, surgiu um sorriso, mesmo que tímido. Ganhei
meu dia!
No segundo dia
ela estava lá, imóvel, cabeça baixa, mas seu semblante melhorou quando certos
palhaços entraram pelo quarto, os olhos brilharam de ambas as partes, porque
nós, palhaços, também nos apaixonamos a cada quarto que adentramos, Ah!!!!
Aquele dia sabia que ia ser melhor. Ainda sentia dor, mas o carinho, o vínculo
que teve conosco também permaneceu, e fomos recebidos com um sorriso logo de
entrada. Nesse dia, eu quase não coube naquele jaleco, que estava pequeno para
tanta alegria, transbordava, a minha vontade era sair pulando pelo hospital
abraçando todos os médicos e enfermeiros que encontrasse pelo caminho. Naquele
dia, ganhei meu dia!
O Terceiro
dia, ela estava lá, pedia músicas e lembrava das que antes cantamos, ria das
nossas palhaçadas, olhos atentos, nos acompanhava a cada gesto. O quarto parecia
mais claro, mais colorido, e eu? Eu queria guardar aquele momento para sempre
na minha memória. Não há prêmio melhor na vida de um palhaço que o sorriso de
uma criança. Como sou afortunado... Essa é a vida de um palhaço, ganhar o dia
com pequenos gestos, transmitir alegria e receber de volta, ganhar sorrisos e
carinhos. Ter o privilégio de esquecer todos os problemas e preocupações
diárias para pensar em apenas transmitir a felicidade, nem que seja por
instantes, enfim, ser presenteado diariamente. Ah, como é bom ser palhaço!!!!!