A sensação tem sido de que a semana voa para que chegue mais um sábado e
este não correspondeu às expectativas. Ele trouxe muito mais do que
esperávamos, foi realmente iluminado. Desde a chegada ao hospital fomos
muito bem recebidos por todos. Isso só comprova o ótimo resultado do
sábado passado. Atravessando o corredor, as enfermeiras, e quem
mais estava por ali, já sorriam antes mesmo de começarmos as
palhaçadas. O bom palhaço é aquele que exala a simplicidade. Um olhar,
um gesto e todos ao redor se sensibilizam e se permitem ser invadidos
pela alegria. Sempre com muito respeito, arranjamos brincadeiras para
todas as idades e a todo instante. Tudo isso é reflexo das dinâmicas,
que estão se mostrando um ótimo meio de trabalhar a timidez dos
palhaços, afinal, mesmo iniciando o teatro ensaiado, depois que terminam
as dinâmicas, as brincadeiras simplesmente fluem de forma muito bem
improvisada. Estamos aprendendo como caminhar, mas quanto à estrada, nós
a estamos descobrindo a cada dia. Cada vez mais estamos nos
inserindo no hospital e fazendo parte dele como célula viva. Os palhaços
que foram nesse segundo dia puderam perceber isso nitidamente. Casamos
muita gente, desligaram muitos telefones na nossa cara, pizzas foram
pedidas em três vezes sem juros no cartão, baianas descobriram que eram
traídas no instante do casamento, pintinhos piaram, gatos miaram, ou
seja, realmente mais um sucesso.
No fim do dia, ainda fomos
presenteados com uma experiência ímpar. Quando estávamos de partida, uma
enfermeira correu em nossa direção e nos pediu para entrar rapidamente
em uma sala, pois alguém precisava muito da gente. Fomos no mesmo
instante. Lá chegando, deparamo-nos com uma menina que chorava muito.
Ela havia acabado de tomar uma injeção. Entramos no quarto e a vimos de
costas, nos braços do pai. O pai, quando nos viu, virou a menina e
disse:
-Olha quem veio te visitar!
A menina virou-se e nos viu. Esse momento foi realmente mágico, pois se cessou o choro no mesmo instante. Ela ficou atenta a todos, a cada detalhe das roupas coloridas, e sorriu. Fizemos piadas, cantamos e rimos muito. No fim, quando o pai disse que iriam embora, o choro já não era mais por conta da injeção, mas pelo fim das palhaçadas. Saímos dali como que encantados e ao mesmo tempo esperançosos por mais dias como aquele, dias nos quais possamos curar, ou ao menos fazer esquecer a dor com atenção, sorrisos e muito afeto.
A todos os palhaços, muito obrigado.
-Olha quem veio te visitar!
A menina virou-se e nos viu. Esse momento foi realmente mágico, pois se cessou o choro no mesmo instante. Ela ficou atenta a todos, a cada detalhe das roupas coloridas, e sorriu. Fizemos piadas, cantamos e rimos muito. No fim, quando o pai disse que iriam embora, o choro já não era mais por conta da injeção, mas pelo fim das palhaçadas. Saímos dali como que encantados e ao mesmo tempo esperançosos por mais dias como aquele, dias nos quais possamos curar, ou ao menos fazer esquecer a dor com atenção, sorrisos e muito afeto.
A todos os palhaços, muito obrigado.
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